quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Dia 60(?) - I've Hurt Myself Today

O estado lastimável em que as minhas perninas e os meus bracinhos ficaram após a última segunda-feira fizeram-me lembrar a canção do senhor Cash... Ou numa versão mais para o sofridozeco rockeiro.
Claro que não há razão para tanto dramatismo. Aliás, não há razão para nenhum dramatismo. Foi o meu primeiro dia de snowboard e é claro que me tinha de magoar, cair com a fuça na neve, uma e outra e outra vez. Mas vale a pena comer neve, levar com as cadeiras do elevador no meio das costas (ninguém me explicou como se apanhava aquilo), calçar aquelas botas lunares e malcheirosas, arriscar os traumatismos múltiplos, subir colina acima, para deslizar colina abaixo. E digo-vos, desliza-se bem pela neve. E quando se consegue parar, ainda melhor! É um bom desafio tentar ir ficando melhor a cada descida que se faz.
Aqui o Cold Spring Harbor Laboratory organizou uma saídinha grátis para a neve para os empregados e suas famílias que quisessem fazer 3 horas de viagem para o Norte do estado de NY, até às montanhas de Cathills. Simpáticos estes senhores dos recursos humanos... Eu apanhei boleia de um colega meu, fiquei a dormir em Queens e levantámo-nos todos às 5 para lá chegar ainda com tempo. É sempre bom experimentar estas coisas com uma pedrada de sono em cima! no final, não obstante o estado lastimável, ainda apanhei um belo bronze!
Recomendo a todos os meninos e meninas que se aventurem pela neve. Para quem está pelas terras de Camões, mais vale dar um salto ao pé de Granada ou ficar quietinho à espera que o Verão a sério chegue para se vingarem no mar salgado. Para os restantes, espalhados em países mais fresquitos, experimentem, vão ver que vale a pena e não custa muito... tramado tramado, é mesmo levantar-mo-nos no dia seguinte.
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Dia 59 (se não me engano)

Há um livro do Boris Vian no qual o narrador da história começa muito bem a contar os dias do seu diário até que, à medida que o tempo vai passando, o desvario vai tomando conta do calendário. Eu acho que o último Domingo, 24 de Fevereiro de 2008 foi o 59º. Mas também pode ter sido Sábadingo, 36 de Ferevembro de 2008. Parvoíces à parte... Este Domingo fui ao MoMa e gostei muito. Há uns dias referi aqui que se tem de ir preparado para estes museus e que não às vezes não dá mesmo para aturar estes sítios. Retiro.

Retiro o que disse porque o MoMa é um museu divertido, cheio de coisas porreiras e com piada. Além do mais, está cheio daqueles quadros que a gente vê nos livros e fica babado quando eles aparecem à nossa frente. Vou lá voltar para ver melhor as coisas mais famosas, porque desta vez fui com o propósito de visitar uma exposição que se estreou naquele mesmo dia: Design and the Elastic Mind.

Recomendo que cliquem no link que vos deixei. A exposição está cheia de coisas "inovadoras", algumas parvas outras engraçadas, relativa a como o mundo do design vê a ciência a impulsionar os tempos próximos. Claro que eu agora, como ando armado em cromo da ciência, tinha de dar uma espreitadela. E foi uma barrigada de folia. Basta pesquisarem pelos projectos que estão online e ficam com um cheirinho. Há coisas no mínimo impressionantes....Entretanto a coisa começou a encher-se de gente, e lá tive de me ir embora, nem deu para ver muito mais da exposição permanente. Vi um piano a morrer. E vi também o vídeo do míudo na Bósnia a dar toques numa caveira. As coisas que por lá se encontram...

No mesmo dia ainda coube uma viagem clandestina pelo elevador panorâmico do hotel Marriot, até à vertigem do 45º andar, uns hot-dogs mesmo à NY, uma passeata pela Union Square e East Village e uma noite pernoitada em Queens. Foi um bom Domingo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mais imagens de Chelsea




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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Uma espreitadela


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Dia 52 - Kosova! Parte 2

No meio disto tudo, há que admirar os Nova-Iorquinos. Não há muita coisa que pare esta cidade (excepto talvez um par de aviões...mas isso é passado) A vida continua, e este foi mais um dia de festa. Sempre que passo por aqui, lá está este senhor a tocar para comer. E hoje não foi excepção.


Claro que a manifestação de alegria não passou indiferente a TODOS os Nova-Iorquinos. Este deve ser um daqueles Veterans dos filmes, amargos, aleijados e alcoólicos. Parecia divertir-se com a festa. Eu também...

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Depois desta coisa do Kosovo é provável que venha aí confusão. A Sérvia não gostou nada, e a Rússia também se sente enxovalhada. Os USA deram o empurrão porque gostam muito da liberdade, e a Europa não sabe muito bem pra que lado irá pôr a burra a mijar. Eu cá, faço votos para que o país basco, a catalunha, a galiza, a sardenha, a irlanda do norte, a flandres, a valónia, a bretanha entre outros, sejam acolhidos também em breve como novos países da comunidade internacional (só para falar na europa). Bem vindos à liberdade. Há lugares para muitos mais países. Muitas mais nacionalidades e bandeiras e parlamentos e governos e leis e heróis e moedas e feriados e essas coisas que cada país tem de diferente. E se o Alberto João quiser, fale com os USA que pode ser que eles lhe façam um jeitinho, nem que seja para ganhar (maior) influência geopolítica no Atlântico, no corridinho e na poncha (para não falar no Cristiano Ronaldo).

Dia 52 - Kosova!

Se bem se lembram no dia anterior o plano original de acordar em NY foi gorado graças a um conflito informático com o hostelbookers.com. No entanto não desisti de passar parte do Domingo em NY. Acordei outra vez cedo, táxi, comboio, e NY. Fui à BH comprar umas coisas para a máquina, entrei nos armazéns da MACY's para ver alguma roupa e quando saía da minha fúria consumista de Domingo, ao longe na Time Square heis-que começo a ver umas bandeiras vermelhas, gritos, confusão... Comunistas!!! Não, com mais atenção topo que a bandeira vermelha tem uma águia preta com duas cabeças... Albânia?!... AH! KOSOVO! Pergunto... is it Kosovo? Yeah, Kosova, kosova!! Xiça, enquanto estava eu na boa a fazer compras o KOSOVO decide virar país? Começo a correr para o centro da Times Square e desato a tirar fotos. É uma coisa engraçada desta cidade. Se no meio do cú da Europa uma região qq decide ser independente há sempre umas quantas centenas de pessoas em NY que pertencem a esse país e que podem parar o trânsito em Times Square. Nunca pensei que houvesse tanto Kosovar em NY. Mas o que sei eu das coisas?!?... afinal NY é a capital do Mundo caramba! Quem precisa de Pristina quando se tem a Times Square!
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Bandeiras Albanesas e Americanas agitavam-se no ar. T-shirts diziam: Thank You USA! Como em qualquer grande berbicacho, os US of A tinham de estar metidos! O mister Peanut saúda todos independentistas pela liberdade e as suas jeitosas kosovaras!

Time Square foi invadida por uma parade de potentes carrões, com sérvios-albaneses=kosovares, com ar de mafiosos, mas com aquele jeito que parece que só os Europeus Orientais têem de estar na vida´. Diversão musculada e exuberante, frieza e brusquidão nos olhos e nos gestos. E claro, nesta ocasião, muita Alegria. Afinal de contas, o seu cantinho era agora um país, e as pessoas gostam de ter um país só para elas, autonomia e independência. Ah a Liberdade! Ah! as Bandeiras vermelhas! Ah a águia nas bandeiras vermelhas! Ah, quem me dera ver o Benfica campeão europeu antes de morrer!



Claro que a alegria balcânica choca com a paranóia Americana. A partir de certo momento a autoridade achou que os bárbaros kosovares não deviam ir no tejadilho. Claro que esta senhora acabou por gozar bem de alto com os polícias, disse-lhes que já tinha sobrevivido a muita coisa e que agora ia festejar como lhe apetecia. E lá continuou o carro com a menina no tejadilho, e os polícias yankees a coçar a cabeça!


No fundo, no fundo, acho que no Kosovo se vai viver muito bem. Pela amostra de carrões que estes senhores têem ao seu dispor, e pelo alto ratio grandes carrôes/pequenos carritos que vi na parade, imagino que no Kosovo a maior parte da população é constituída por oligarcas endinheirados.. (Ou isso ou estes são como os emigras de Paris de França que aparecem todos os Agostos pela terrinha de Portugal. Se calhar também em Portugal existem muitos mais oligarcas do que a gente pensa, e no fundo vive-se bem melhor do que parece!)

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Dia 51 - MacBetha-mos!

Saído de Chelsea, decidi-me por ir ver Macbeth. O plano perfeito era ir ao BAM ver este Macbeth. Se clicaram, viram que o senhor que faz de Macbeth é nem mais nem menos que o Patrick Stewart ( e a sua careca). Aquilo parecia bastante impressionante e decerto era um deleite poder assistir a uma peça assim mas... desde o primeiro dia que o espectáculo está esgotado. Completamente. Com lugares a um mínimo de 40$ até 200 e tal ! Esta gente trata-se bem, e como eu não conheço bem as dinâmicas de NY, não reservei bilhete antes da estreia! Frustrado com isto, pensei, que se lixe a sobranceria da Broadway, vou para a Off-off-broadway ver este Macbeth e está o caso arrumado, que a coisa deve ser mais liberta, vou ver uma outra visão do clássico, o cartaz até nem é mau e tal... (tentava-me consolar).
No fim lá fui e bem... como explicar... Não sei, não sei explicar. Basicamente se eu tivesse reparado neste pequeno pormenor: Fight Choreography: Ryan Bartruff, acho que teria ido ao cinema. A encenação foi tão insípida, que a fight choreography foi mesmo a coisa mais bem feita. É o que dá Americanos a fazerem Macbeths. A coisa sai hollywoodesca, com drama/romance/acção e pouca inteligência. E como é off-off-broadway, nem os cenários se aproveitam! Digamos que enquanto no BAM se via uma coisa de jeito, estava eu sentado a ver o pior do Citac e do Teuc juntos (quem não sabe o que isto é, informe-se)!
Saído do teatro rumei até ao hostel que tinha reservado para passar a noite. Chegado lá, não tinham recebido a minha reserva, já não tinham acordo nenhum com o hostelbooker e estavam cheios. Resultado não tinha onde dormir. Ainda procurei por alguns lados e a resposta era sempre a mesma. Estava tudo cheio. Lá fui para casa, apanhar o comboio, esperar pelo táxi. Na Penn Station, e visto que tinha de esperar uma hora, comprei um Macbeth por 5 dólares. "Vamos lá a ver onde é que é que aqueles gajos espetaram o pé na poça... "
Soubera eu que não iria ter quarto, teria reservado um no Chelsea Hotel quando passei por lá , onde o Sid Vicious matou a namorada, e tantos outros apanharam borracheiras, esse lugar que me fez lembrar o Million Dollar Hotel com a Mila Jovovich a passear-se no corredor.
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Dia 51 - Pelas Galerias de Chelsea

O meu plano este sábado era descobrir as galerias de Chelsea, uma zona de NY do género Docas/Alcântara/Sta Apolónia lá do sítio, com armazéns e docas, que se tornou mais frequentada desde que começaram a surgir galerias de arte nos ditos armazéns. Estas galerias funcionam de terça a sábado, e têem entrada gratuita, com boa arte que (ainda) não se vê pelos museus. Pelo que percebi, é coisa normal de passeio de sábado, isto de entrar por uma galeria adentro sem ter de dar cavaco a ninguém, ver o que lá está exposto e partir para outra. Quando voltar hei-de experimentar por LX a ver o que se me oferece, agora que sei que não é preciso ter medo de uma galeria de arte. Pensei que só os extravagantemente ricos podiam entrar numa, assim, do nada. Afinal a coisa é bem mais democrática.
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A maior parte dos sítios é assim. Um prédio com elevador , uns quantos andares andares, e em cada andar uma, duas, ou mesmo um corredor de galerias. Há que saber quais as que têem aquilo que vos interessa, porque senão perdem-se dois dias a andar de um lado para o outro. A maior parte dos prédios tem na entrada o que cada galeria oferece de momento, o que, com uma olhadela, dá logo para escolher bem para onde ir.

Depois há artistas (corajosos) que fazem exposições assim. Paredes pretas, uns rabiscos a giz (bem humorados por sinal) e pronto. Numa sala mais escondida, uns quantos quadros para quem queira comprar alguma coisa, isto porque acho que ninguém vai poder arrancar as paredes com os rabiscos a giz do senhor. Mas normalmente dentro de uma galeria haveria quadros/esculturas/instalações a expor, e catálogos para os que estivessem interessado em comprar. E acreditem que vi muita gente a sair com um tubo na mão...

As galerias maiores podem-se dar ao luxo de ter uma zona inteira com uma instalação roufenha como esta. Um lençol, umas ventoinhas e ligando-se as ventoinhas debaixo do lençol... um mar. Qualquer teatro amador já deve ter feito o mesmo no Auto da Barca do Inferno ou qq coisa parecida. Mas esta gente estava bastante interessada naquilo.

Depois há esta galeria, que é um edífico inteiro, com uma arquitectura extravagante e esculturas tipo esta. Acho que já vi alguma coisa deste senhor na colecção Berardo, com uma escultura bastante realista de um casal todo nu,. Não me lembro do nome do senhor, mas ele gosta de impressionar. Nisto das galerias, vi coisas que gostei bastante, e algumas que francamente.Mas isso é como tudo na vida, e sinceramente, não me queixo. Arte fresquinha, para mais de graça, venha ela!

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Laranja Choque

No outro dia vi duas ou três bicicletas destas dispersadas estrategicamente pela zona da Midtown (onde fica a Time Square e outras dessas coisas engraçadas, por onde passam milhares de pessoas por dia). Uma bicicleta destas salta à vista, e quando a vista pousa, heis-que se revela que a bicicleta não pertence a um qualquer Hippie/Yuppie/Freaky, mas sim a uma marca... DKNY.
Há que louvar o espírito desta gente americana. De facto, o limite é mesmo a própria imaginação. Com uma pitada de imaginação e pró-actividade q.b. pode-se fazer de tudo. Desde idealizar e concretizar a matança de uma porrada de pessoas na escola do bairro, com o arsenal comprado no quiosque ao lado, até pintar uma bicicleta, pôr-lhe um cadeado e fazer publicidade vistosa e (potencialmente) gratuita num sítio onde a publicidade se paga aos milhões. Pretty cool...


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Dia 49 - Dia de S. Valentim

Como a coisa é generalizada, e na América, depois do Natal as lojas começam logo a preparar-se para o dia de hoje, deixo-vos aqui uma foto que tirei à 3 semanas em Brooklyn. A senhora que se ali se vê passou algum tempo a olhar para a montra, não sei sei se a tentar escolher a combinação que mais se adequava aos seus gostos desvairados, se a tentar perceber se estaria ou não ready for love. Por hoje espero que se tenha decidido, e que tenha recebido uma caixa de bonbons, umas flores ou um peluche, senão só Deus sabe que tipo de antidepressivos terá de tomar, ou que "dates" extravagantes terá de aguentar para colmatar o seu vazio sentimental. A todos, um bom dia de S. Valentim.

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Música no Metro

Antes que a ideia geral que as pessoas têem de mim seja de que me estou a tornar um "snobalhão com a mania da cultura", com estas minhas ideias de ir ao Teatro e à Ópera e a coisas destas, deixo-vos com um vídeo que fiz a dois dos muitos músicos espalhados pelo metro de NY. Não temos de ir ao Lincoln Center para ouvir um sonzinho. Nas minhas passeatas já ouvi uma espécie de Jonhy Mitchel, um chinês a tocar uma espécie de alaúde chinoca, outro a tocar um género de xilofone com cordas, também chinoca e um Blues-Man Cowboy Japonês. Agora com máquina nova no bolso vou começar a trazer mais filmes deste pessoal.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Dia 44 - As Gordas Valquírias

Esta semana decidi ir a NY a um sábado, a ver se havia alguma diferença. Queria deambular pelas ruas e ver os Judeus todos contentes a festejar o seu descanso semanal, queria encontrar as galerias de Chelsea abertas, queria conhecer todo um diferente rol de Nova-Iorquinos, menos domingueiros. Tudo isto me saiu gorado. Acabei por não deambular um caraças, acabei por não ver galerias nenhumas e não vi grande diferença nas pessoas que encontrei... E porquê?
Por causa das Gordas Valquírias...
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Já há algum tempo que queria ver uma ópera como deve ser. Uma ópera com grandes cenários, num sítio majestoso, com bons cantores, uma coisa a sério. Ora, aproveitando o facto de estar em NY, foi mesmo desta, escolhi ir ver Die Walküre, a tal ópera de Wagner que dá uma música à cena dos helicópteros do Apocalypse Now! Tan tan taran raraaaaaan! E isto no Metropolitan Opera de NY.
Ah! caramba, um coisa em grande! O espectáculo começava ao meio dia, e eu pensei para comigo, vou cedito, saio e ainda dá tempo de passear um pouco... Qual quê, aquilo tinha 5 (cinco) horas e o pior de tudo... comprei o bilhete mais barato, 20 USD... o bilhete que que permite assistir a todo o espectáculo...de pé... Esta aventura prometia tornar-se numa grande canseira...

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Mas não, a coisa lá se resolveu passado o primeiro acto. Após o héroi Siegmund ter encontrado a sua irmã Sieglinde numa casa no meio da floresta, lhe ter jurado eterno amor, a ter roubado ao legítimo e abestalhado esposo (que o tinha anteriormente ameaçado de pancada ), fugido com ela para logo a seguir a comer à fartazana debaixo de uma árvore, na chegada da primavera, (momento este que se saberia mais tarde ter originado no seu ventre um filhote que viria a ser mitológicamente importante (e provavelmente mongolóide)) acabou o I acto, com o acto sexual incestuoso a ser cortado pelo descer do pano, isto enquanto as minhas pernas já ameaçavam câimbras... Estes alemães são doidos.
Tinha observado já que muitos dos meus vizinhos dos lugares em pé tinham subitamente desaparecido mesmo antes do espectáculo começar. Topei entretanto que se tinham esgueirado para lugares vazios. Claro que queria fazer o mesmo (eu é qui nãom sou parevo). O meu problema é que tinha mesmo ao meu lado um velhote do staff, sentado numa cadeirita, a controlar as coisas, e não me podia armar em inocente visto que já lhe tinha perguntado muito candidamente se me poderia sentar numa daquelas cadeiras mais à frente (ele claro que disse, não te posso deixar fazer isso... duh!.. )



Mas não fui de modas, controlei um lugar vazio, lá mais para a frente, e enquanto a manada de pessoas saía para se refrescar, fintei o velhote e abarbatei-me nervosamente do lugar. Ele deve ter topado, mas partenalisticamente, nem se deu ao trabalho de não me deixar sentar por ali..Por lá fiquei até ao final do espectáculo que só acabou 4 horas depois, com o pai-Deus da valquíria Brunhilde totalmente furibundo por esta ser mal comportada e ligeiramente irreverente, a exagerar naquilo tudo e a castigá-la com um feitiço que a põe a dormir durante uma eternidade num sítio ermo (à espera de um homem que a acorde) para depois de ela adormecer, num acto ainda mais despropositado de fúria sentimental pegar fogo àquela porcaria todo e sair dali a sete pés.(ao bom estilo mitológico do Ulisses)

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Claro que sentadinho já deu para apreciar melhor o espectáculo.

E digo-vos, que espectáculo!!! Nunca vi um cenário assim. Uma coisa construída à exaustão das leis da perspectiva, com uma profundidade totalmente manipulada. Uma luz de tal forma bem feita que criava efeitos marados com o cenário, me trocava os olhos e me confudia a percepção. Parecia que estava a ver um filme a três dimensões, mas sem aqueles óculos estúpidos. Uma orquestra sublime com um maestro cabeludo e esponpanante. E depois, claro, as gordas e os gordos aos berros em alemão (com legendas em inglês a passar nas cadeiras).

Deixo-vos uma imagem onde dá para perceber um pouco a perspectiva da coisa. É pena que não dê para ver bem em altura, nem que se perceba muito bem a escala, onde aquele penhasco parece mesmo estar no topo de uma montanha. Lá ao fundo viam-se nuvens e os dias passavam da côr do amanhecer, aos tons de pôr do sol.(Porreiro também eram as escarpas do II Acto. Em cada acto lá atrás do pano eles deviam ter um exército a mudar o cenário - de hall de entrada de uma casa da floresta -para vale entre duas majestosas escarpas- para o cimo de uma montanha)

O meu plano original, depois de saber que a coisa demorava 5 horas e iria estar em pé, era ouvir aquela músiquinha do tan tan ta ran ran raaaan e pôr-me a andar .. isto sem saber que essa musiquinha é a abertura do III Acto e o 3º é o último acto, onde as valquírias regaladas lá se vão rindo e dando berrinhos histéricos enquanto olham os homens a degladiarem-se lá embaixo. (cliquem no tan tan ta tan e tal, para ouvir a dita musiquinha bem alto. É capaz de demorar um pouco, mas depois de descarregada, se andarem com ela para a frente dá para ouvir todas as partes da primeira cena do último acto. Se quiserem ouvir a coisa mais rapidamente cliquem aqui e oiçam um excerto desta ópera, mas dirigida por um outro maestro. Aviso que a qualidade de ambos os links não é grande coisa).

No final de contas foi bom ter esperado pelo final. A história até é engraçada, deu para descobrir que o Tolkien com o seu senhor dos anéis sacou descaradamente a ideia do Anel dos Nibelungos. Foi bom para ver o portento que pode atingir uma cenografia bem feita e uma luminotecnia minuciosamente pensada. Foi bom saber que se pode pegar fogo ao palco só com fumo e luz, encher aquilo tudo de nevoeiro e isto sem que nenhum velho da plateia comece a tossir. E foi bom para saber o nível a que podem chegar os agudos de uma gorda em apuros.

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Quando saí do MET eram jà 5 e meia. A essa hora por aqui já é de noite... e tinha uma festa em Queens às 7. Resultado, deu apenas para passear um pouco por Chelsea, mas sem ver grande porcaria. Fica para a próxima, pode ser que se encontre algo de jeito por aqueles lados.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Curiosidades - Jardins na Rua e Carros Suspensos

Tenho visto pelas ruas de NY uma coisa que me agradou sobremaneira (bela palavra) - Jardins Comunitários.
Algo do género,(hortas urbanas) já me tinham sido apresentadas pelo excelso Rui da Feira, mas o que tenho visto mais por aqui são mesmo pequenos jardins, aconchegados entre um e outro prédio, e cuidados pelas pessoas de um mesmo bairro. Outra coisa a exportar sem dúvida. Com um pouco de vontade, imaginação e mobilização, criam-se espaços mais verdes onde antes não existiam. E não se tem de ficar com o cú sentado à espera que a autarquia cuide de nós, porque, salvo excepções, eles ou estão-se pouco marimbando, ou simplesmente não percebem nada do assunto. Cada vez mais penso que deveremos seguir o caminho do virar as costas aos poderes políticos, mandar-lhes uma cuspidela de desprezo, chamar o vizinho, arregaçar as mangas e mãos à obra. Eles com os tachos, nós com as pás e as enxadas (ou foices e martelos, como quiserem). Eles têem que cumprir contratos com empreeiteiros e outros filbusteiros, enquanto pôem ao bolso os trinta dinheiros. A nós, bastaria que nos deixassem viver em paz, e não nos pusessem qualque género de obstáculos... Como diria o outro, que nos deixassem trabalhar... Que acham?
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um pequeno jardim comunitário em east village

um outro jardim comunitário, com uma escultura impressionante, também em east village

Desta feita em Harlem, menos exuberante mas com igual (ou maior) carinho

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Um outro tipo de Jardins. desta feita, suspensos. Para resolver o problema de estacionamento aqui resolveram pendurar os próprios carros, em sistemas de elevadores hidráulicos de forma um pouco aprateleirada devo dizer, a fazer lembrar cachos de uvas a cair em véspera de vindima, (ou dito numa forma menos Torga) caixas de arrumos a sobrar em prateleiras do IKEA.

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Visto que gostam de côr... East Village



Ora aqui está uma ideia à maneira. Mosaicos em postes de electricidade... a considerar..

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Dia 38 - The times are chaangin'

Neste fim de semana só fui a NY no Domingo. Não havia vaga nenhuma num hostel, estava tudo ocupado, não sei o que se passou! Aposto que foram as férias de Carnaval, o pessoal aproveitou para dar uma escapadinha por aqui. Mas por aqui o Carnaval é vestigial, só deve acontecer em dois ou três bairros brasileiros, o pessoal aqui não liga nenhuma a paganismos e mascaradas de pré-quaresma. Lá prós lados de New Orleans sim, mas há um tempo para cá que aquilo tem estado um pouco alagado.. bem, adiante... Este Domingo fiquei a conhecer a East Village. Aquilo sim, é uma zona mesmo porreira! Vou lá voltar decerto, respiram-se outros ares, come-se bem e barato, vêem-se coisas engraçadas, um bom passeio para os olhos e as almas.



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Antes de ir para a East Village ainda passei por uma feira da ladra, muito pequena, a oeste da Penn Station. Fui lá parar por acaso, enquanto explorava aquela zona de ninguém, onde até a bandeira gloriosa se vende por tusta e meia. Um feira da ladra, foi uma boa preparação para a East Village... o dia começava bem.
Da Hell's Kitchen Fleemarket até à New York's Public Library não é propriamente um pulinho, mas se há coisa que gosto é de calcorrear o mais que possa. Foi assim que deparei com a exposição dedicada a Jack Kerouac e ao seu "On The Road". Uma exposição com fotos, pequenos rabiscos e gravações do Sr. Kerouac e ainda o rolo original da impressão do On The Road. Um outro aperitivo para o resto do dia. Da próxima vez que voltar a NY a ver se compro uma edição velhinha e inglesa do Pela Estrada Fora. Será uma bela companhia para o resto das viagens por aqui. Este senhor achava que é na solidão que se constrói uma pessoa um pouco melhor.. em certa medida concordo, e revejo-me.
Se quiserem saber mais sobre a exposição cliquem na foto. A informação não é é grande coisa... Bom bom é lerem o livro, para quem ainda não o leu.

Apanhei o Bus ao pé do Bryant Park (se ao menos em Lisboa tivéssemos mais destas intrusões vegetais em plena cidade...) e parti para Astor Place, portas da East Village, um género de bairro alto com ruas de nova iorque, mais gente de dia, freaks a passear os cãezinhos do costume, lojas de "autor" e sítios baratos e bons para comer. Tirei fotos a coisas engraçadas, mas deixo-vos só um cheirinho.
Mais ao final da tarde, depois de me ter fartado de andar fui parar ao New Museum, que já algumas pessoas me tinham falado. Edíficio catita por fora, muito clean por dentro... confesso que não estava com muita pachorra para me meter num museu só com coisas novas. É preciso uma mood especial para visitar um sítio desses. onde nos mandam com coisas em que temos de pensar ou muito muito ou mesmo nada. Normalmente a coisa nunca me puxa inteiramente à degustação e não me apetecia parar a digestão do dia por aqui. Fica para uma próxima, em que me dedique por inteiro à contemporaniedade (pelo menos à contemporaniedade que a malta destes museus gosta de mostrar), e então sim, vou ao MoMa, a este a às galerias de Chelsea, e depois terei uma palavra a dizer.


Fui então em busca do que realmente me apetecia. Atravessei o SoHo e fui parar à TriBeCa, ao Film Forum, algo tipo a Cinemateca por estes lados. Fui em busca de Bob Dylan e do documentário de 1965-Don't Look Back. Confesso que não conhecia verdadeiramente a personagem, apenas um pouco e sim, o homem foi grande, grande celebridade, mas apesar de tudo, grande... Fui ver este filme também porque em algum lado vi que se havia personificação de uma pessoa com "estilo", essa pessoa era Bob Dylan em Don't Look Back. Achei que depois de ter passado pela East Village e com 38 dias já rendidos pelos states, já era altura de começar a suar "estilo" por todos os poros!!
Deixo-vos com a cena inicial do documentário... um pouco parva, mas engraçada. Deixei também uma outra cena do filme que gostei bastante, uma opinão bastante pós-adolescente e tal, sobre as notícias e o mundo (isto em 65). Está na Porta dos Fundos. (http://porta-dos-fundos.blogspot.com/2008/02/bob-dylan-truth-is-just-plain-picture.html)

Saí da sala do cinema de barriga cheia. Já aprendi mais umas coisas, desta vez sobre um gajo que até cheguei a confundir com o tipo um pouco mais burgesso de nome Bruce Springsteen (vá-se lá saber porquê!) Entretanto tinha-me esquecido, era noite de SuperBowl!!! A grande final no futebol americano tinha começado estava eu num outro planeta a ver o Don't Look Back.Voltei depressa para casa, queria ir ver o jogo no bar do campus, beber cerveja, comer chicken wings, ver os anúncios até à exaustão, pedir a alguém que me explicasse as regras, torcer pelos Giants de Nova Iorque que competiam contra os Patriots New England, género Benfica-Porto, Benfica os de nova-iorque, a jogar com o coração e as tripas, e o Porto os de New England, cambada de arrogantes, à 17 jogos sem perder. ....No final acabei por ver o jogo no Dunkin' Donuts de Syosset, às dez da noite, na companhia de um indiano qualquer,enquanto esperava à uma hora por um táxi ...O que vale é que os tipos de Nova Iorque ganharam mesmo no fim, com raça, à Benfica! Continuei a não perceber nada do jogo, mas é sempre bom quando a nossa equipa ganha!!! Deixo-vos com os highlights, porrada da boa, que se lixe o Bob Dylan e os freaks da East Village! Hell Yeah!! AMEERICA HII-AAH!


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Dia 37 - A Lavandaria do campus

A lavandaria do campus deve ser similar a tantas outras lavandarias que se vêem no mundo inteiro, começando na Alemanha até à Amazónia, da Bélgica ao Bangladesh e por aí fora até chegar do Zimbabwe a Zanzibar. Nada de especial. Máquinas de lavar, máquinas de secar...
Nesta lavandaria porém, não se encontram as personagens do costume, aquelas que se vêem nos filmes. É uma lavandaria um pouco solitária, por isso existe o tal ginásio. Aos domingos bem de manhãzinha, enquanto passeio por NY, normalmente passo por outras lavandarias bem maiores que esta, essas sim, cheias de gente (normalmente blacks e latinos, que das duas uma, ou não têem máquina de lavar ou têem um maior sentido de higiene comunitária), em grande azáfama de péugas e combinações, leituras e conversas de sabão. A lavandaria do campus é porém mais solitária.

Mas a razão porque falo aqui da lavandaria não se prende com a lavandaria per se mas sim com a moeda americana. Dimes, cents, quarters, enfim... Ainda estive umas semanas para atinar com aquilo. Os cents, (1cent) são moedas pequenas e escuras, como as nossas moedas de 2 cêntimos. Depois há as moedas de 5 cents claras e do tamanho das nossas moedas de 20 cêntimos de euro, mas mais achatadas. E depois há os dimes (10cents), moedas também claras e rídiculamente pequenas, do género 5 cêntimos das nossas. A maior parte da confusão era essa, as moedas de 5 cêntimos parecerem mais importantes que as de 10, mas no fundo não serem, e no meio da caixa do supermercado, pedia às velhotas para me seleccionarem as moedas a entregar (uma coisa curiosa, aqui nos states já vi muitos velhotes a trabalhar nas caixas de supermercado. Parece-me ser prática comum, não sei relacionado com alguma política de inserção geriártrica se relacionado com a idade de reforma adiada (nem sei há disso por aqui). Aparte dos tremeliques, até pareciam satisfeitos, só um pouco mais estafados... tirem as conclusões que quiserem..

Mas voltando à lavandaria e às moedas... Existem ainda as moedas de um quarter e um dólar. As de um quarter são de tamanho médio e claras (lembram-se das moedas de 20 escudos?) e as de dólar são douradas e um pouco maiores... mas também podem ser claras... o que também pode levar a confundir o mais inexperiente viajante... Aqui na lavandaria paga-se 1.50 USD para lavar e 1.50USD para secar e 0.50cents para o detergente. Não é caro, na bélgica pagava 3.80 euros só pela lavagem, a notícia não está aí. A notícia está em que as máquinas só aceitam os quarters, os tais 25 cents, e mais nada. Tenho de ter 3.50 dolares em moedas de 25 centimos para lavar a roupinha. São portanto 14 moedas de 25 cents que guardo todas as semanas. Se faltar uma moeda que seja... esquece. Claro que há máquinas para trocar moedas.. que aceitam apenas notas de 5, 10 ou 20 dolares, o que dá no mínimo um troco de 40 moedas!! Por isto tudo, é que nos filmes se descobrem grandes amores nas lavandarias... Há sempre a oportunidade de perguntar à miúda gira que segura na mão umas cuequinhas da Victoria Secret : "Tens 25 cents que me emprestes?" ...

Resumindo: É de doidos, um povo que já foi à lua numa carripana, ainda não ter descoberto a maneira de pôr as máquinas de lavar roupa a funcionar com outros trocos... e mais inútil é uma lavandaria sem cuequinhas da Victoria Secret a quem se possam pedir trocos...

Isto são as 14 moedas de 25 cents.

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Dia 34 - A força da Gravidade a puxar...

Hoje apetecia-me protestar, protestar, protestar.
Por cá o contacto mais básico que tenho com Portugal são os sites dos jornais e das televisões. E tenho-me deparado com umas notícias estranhas, não sei se sobre a favela da Rosinha, no Rio de Janeiro ou se sobre Rio de Mouro, na linha de Sintra... como as notícias descrevem, a coisa parece toda igual E toda a gente comenta, e toda a gente banda bitaites, e está tudo doido ou quê!?!
...E isso hoje deu comigo em maluco.

Não gosto do que os Media estão a fazer à minha santa terrinha. Não gosto de como as pessoas passaram a pensar da minha santa terrinha. E não gosto de como as pessoas da minha santa terrinha estão cheias de medo de sair à rua, e vivem cheias de medo de uma santa terrinha que não deveria meter medo a ninguém. Como não posso protestar por estes lados, nada a fazer, e como este blog é sobre a América e tal, mostro-vos fotos de protestos em NY e no resto da América. Terra da freedom of speech e da obesidade de alto risco.

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Cliquem na foto

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