terça-feira, 18 de março de 2008

80 dias na Gloriosa América

Antes de mais quero confessar que o título deste blog esteve sempre invariavelmente errado. Terça feira de madrugada estava já em território Luso. Dia 17 de Março. Dia 27 de Dezembro foi a minha data de chegada às Gloriosas Índias Ocidentais. Somando tudo dá mais ou menos 80. Fica então, 80 dias na Gloriosa América.

Os meus últimos dias na América foram de despedidas, jantar de sushi em Syosset, bar de sake na East Village, concerto de R&B na Bowery, passeatas pelo Central Park, pelo MeT, pelo SoHo, St. Patricks Day Parade, com muito Irlandês e verde por todo o lado e finalmente um avião da TAP.

Não vos deixo fotos destes dias. Foram mais uns de passeata. Deixo-vos uma bela composição sobre a América que encontrei.
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A América que Encontrei.

A América que encontrei estava cheia de carros grandes e pessoas simpáticas que nos perguntavam se estava tudo bem cada vez que pedía um baggel com creme de queijo, apanhava um táxi ou comprava uma t-shirt catita. Estas pessoas simpáticas eram muito simpáticas porque ou ganhavam à comissão, ou ganhavam à gorjeta. Por isso tinham mesmo de ser muito simpáticas. Mas não era só por isso. É também porque a América que encontrei está cheia de pessoas positivas, que não se deixam ir abaixo e tentam fuçar na vida até que esta lhes corra bem, sempre com 1) Objectivos 2) Estratégias 3) Ambição 4) Auto-Confiança e por aí fora.

Na América aprendi muitas coisas, principalmente no meu trabalho, e gostei da forma como os americanos são apaixonados pelo que fazem. No meu caso, pela ciência que fazem. Mas também podia ser pela música que fazem ou por outra coisa qualquer que façam. Também podem não gostar nada do trabalho mas os americanos são sempre simpáticos, por isso não se nota. Só são antipáticos quando estão rabujentos. Mas isso não faz mal, porque têem direito a ser rabujentos.

Os sítios que gostei mais de visitar foram: Greenwich Village, East Village, Williamsburg, Harlem e o Central Park. Também gostei da neve no Utah. O sítio que não achei piada nenhuma foi mesmo Salt Lake City. A Chinatown também não teve grande piada porque aquilo é só restaurantes. O que gostei mais de comer na América foi toda a enormidade de sushi que acabei por comer. O sushi é muito bom. Gostei muito de ir ao teatro, à ópera, a um musical e essas coisas da cultura. Na América muita gente de boas famílias dá dinheiro à cultura para ter umas cadeiras com o nome delas e o nome delas nos programas dos espectáculos, boa vontade essa de que eu gostei muito.

Na américa há muitos judeus, católicos, cristãos diversos (evangelistas, mórmons, jeovás), budistas, alguns muçulmanos e outros que tais. E por isso há muitos deuses na américa e por isso é uma terra abençoada.A América tem muitas culturas, religiões e línguas, e as línguas que se ouvem mais são o espanhol e o americano. Também se fala muito chinês e um pouco japonês. Era sempre muito divertido passear por todo lado porque se via sempre toda a gente diferente de toda a gente e a vista nunca se aborrecia.

A América que encontrei estava mergulhada numa crise económica, em guerra lá nas arábias, com um presidente muito estúpido e em campanha eleitoral para as presidenciais de final deste ano. A política na américa é como as telenovelas. Aliás, é como a SuperBowl. Antes das eleições só se falava na superbowl, depois só se falava nas eleições. Na superbowl ganhou a equipa de NY e toda a gente ficou contente. Nas eleições falta ver quem ganha pelo lado dos democratas, e nos republicanos já ganhou um velho. Nos democratas estão a lutar uma mulher e um preto.
A crise económica é tal que o dólar estava a 1.5 euros, isto quer dizer que estava muito rico quando estava na américa e os hamburgueres ficavam-me mais baratos do que o costume. O gasóleo e a gasolina também estavam muito caros e toda a gente se queixava porque os carros na américa são grandes e gastam muito. As bolsas estavam sempre a flutuar e os investidores tinham os nervos em franja e havia muitas pessoas com mais que um trabalho e às vezes com mais que dois trabalhos para poderem pagar a casa e o crédito, porque se não pagassem eram postos na rua e depois era uma chatice. A somar a isso tudo os chineses tinham a América que encontrei agarrada pelos c*lhões porque a América tem uma dívida externa de b*liões com a China. E a China está aí para meter medo a toda a gente, inclusivé ao Tibete, e eu espero que os americanos peguem nas metralhadoras e libertem o tibete, e matem muitos chineses e conquistem aquilo tudo para ficarem com uma dívida mais controladinha. Mas isso não vai acontecer porque os Americanos estão todos borradinhos em relação à China, muito mais do que em relação à Rússia.

Espero que tudo corra bem com a América, porque agora gosto mais da América do que dantes, mas dantes só sabia dizer mal porque nunca lá tinha estado e agora já sei porque digo mal e também sei o que dizer de bem. God Bless America.
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Resumo:

Gostei muito da América que encontrei.

Quero voltar e ver como a América que encontrei estará transformada numa América diferente. Porque a transformação é sempre boa. O que não quer dizer que o transformismo também o seja.

No meio de todas as crises na América (sociais, económicas, políticas e tal) quem se ri é mesmo este meu amigo:

1 comentário:

Verita disse...

Gil, gostei da América que li no teu texto! E tenho saudades tuas! Quando é que vens a Paris?